O tempo na Narrativa.
Estava lendo o último livro da Trilogia de Tormenta, e pude perceber claramente que o Caldela não é um autor por acaso, mas daqueles que entendem de literatura. Não sei bem se fez o curso de Letras, ou é um entendido intuitivo, mas a seqüência de flashbacks e flashfowards do primeiro capítulo é incrível. E isso, certamente, é uma técnica literária que poderia ser empregada na narrativa do RPG.
Os flashbacks e flashfowards são muito bem explicados no livro de Humberto Eco que indiquei no primeiro post desse tópico. Eles funcionam como avanços e retrocessos temporais da narrativa (ou seja, o Mestre narra ou eventos do passado, ou do futuro), e possuem várias funções. Mas a principal que eu acho, como leitor e mestre de RPG que emprega tal estratégia, é criar nos jogadores uma expectativa muito grande sobre o que pode acontecer.
Estou mestrando uma campanha de Tormenta que se chama "A Queda de Khalifor". Para quem conhece o cenário, sabe que ele terminará com uma grande guerra do Reinado contra a Aliança Negra. Meus personagens são um grupo que parte para explorar a região sul de ARTON quando os humanos do norte ainda não têm certeza se realmente existe essa tal de Aliança Negra. Ao começarem a viagem, porém, utilizei um flashfoward e levei meus personagens para cinco anos depois, já com as primeiras batalhas contra os goblinóides. Não precisei a eles que se tratava de algo cinco anos no futuro. Na verdade, eles nem sabem quando o que eles vivenciaram ocorrerá (e espero que eles nem leiam isso, o que provavelmente ocorrerá). Todavia, após um cruel batalha em que eles tiveram apenas lampejos de ação, eles voltaram para o presente, que nada mais é que uma viagem quente por entre montanhas áridas na região sul de Tyrondir (na verdade, nem sei se as montanhas ao sul de Tyrondir são mesmo áridas, mas utilizei o clima como um fator para criar um certo terror nos personagens. Isso se deve a várias coisas que aprendi ao mestrar Call of Cthulhu. Seria um bom tema de tópico).
Após uma cena de batalha épica, o grupo faz um flashback, voltando ao presente, e encontra a monotonia da viagem pelas montanhas. Eles ficam loucos para agir, se envolverem em combates e coisas do gênero, mas a monotonia da viagem os perturba. Esse tipo de desconforto, de aflição e de ansiedade que o mestre causa no grupo é muito interessante.
Por isso, se me perguntarem, acredito que o mais legal dos flashes na aventura é justamente fazer com que os personagens anseiem por algo que não sabem quando virá, da mesma forma que diretores de cinema e escritores fazem em suas obras. Mas, se por acaso alguém saber mais de uma função para isso, favor comentar!
gostei do jeito que você usa os flashs mas acho que também ficam legal em insinuações de pré destinação,em relação a volta ao passado acho que é uma boa ferramenta para dar dicas aos personagens em alguma situação de combate ou social e se for um mestre mal serve até para dar penalidades como um conjunto de memórias reprimidas e traumas!
ResponderExcluirObs : passa lá no meu blog www.falandoderpg.blogspot.om