segunda-feira, 8 de março de 2010

Ganhando XP fora da sessão

Estou postando aqui um e-mail que mandei para meu grupo de jogo (estou mestrando atualmente Tormenta), que faz algumas considerações de XP fora de jogo que acho válidas. Além disso, tem mais coisa interessante aí:

Caros senhores do grupo de Tormenta,

fiquei extremamente feliz hoje, ao abrir o e-mail, e ter recebido dois e-mails muito interessantes sobre nosso jogo. O primeiro, do Gustavo, narrando o background de seu personagem, o Sovelin. Com a autorização dele, e com minha revisão gratuita de português, estou encaminhando abaixo a estória, para quem quiser tomar conhecimento. Vou premiá-lo com um valor de XP padrão para todo e qualquer jogador que quiser escrever o background de seu personagem e me mandar via e-mail, autorizando ou não seu reenvio aos demais. Acho muito legal as iniciativas "fora do jogo", e acho que elas merecem ser premiadas.
O segundo e-mail que recebi foi do Corrêa, nosso Karnak, que fez um relatório sobre a sessão anterior, fazendo uma análise dos combates seguindo a linha de interpretação de seu personagem. Achei bastante interessante, e talvez possa mandá-la para vocês via e-mail no futuro. Mas também vou premiá-lo com XP, assim como premiarei qualquer jogador que me mandar, nos intervalos durante as sessões, estórias, relatórios, pensamentos, qualquer coisa de seu personagem, e acrescentar ao nosso jogo. Sei que nem todo mundo tem talento para escrever excelentemente bem, mas premiarei a todos independente da "qualidade artística" do texto. O que vale é participar.
Para definirmos um padrão:
500 XP para estórias de background. Possibilidade disponível apenas para o 1º, 2º ou 3º nível. Mas, por favor, não mande estórias de duas linhas apenas para ganhar o XP, ok? Desenvolver uma estória precisa de imaginação, mas também de pesquisa sobre Tormenta, para adequá-la de acordo com o cenário.
200 XP/nível para estórias, relatórios, pensamentos, qualquer coisa de seu personagem que acrescente ao nosso jogo.
Acho justo que seja assim. Espero que gostem dessa opção. Segue abaixo o background de Sovelin, o sprite. Espero que gostem.

Um abraço a todos

Ricardo Foureaux

PS1: Os PSs estarão abaixo do texto.

Talvez tenha sido o efeito da primeira noite de primavera...
Talvez tenha sido o efeito do vinho no jovem casal de Sprites...
Certo é que, após aquela noite, Inévelis botou um ovo, seu quarto ovo, cuidou dele, e quando aquele pequeno sprite surgiu, ela se lembrou de um grande guerreiro sprite, e decidiu o nome: SOVELIM.

Sovelim foi concebido na primeira noite de lua cheia da primavera daquele ano, quando sapos coaxavam, grilos e cigarras cantavam, e vagalumes vagalumeavam pelas noites de Pondsmânia. Tudo naquele reino era alegria, pois na mesma noite a família real havia coroado sua nova rainha.
Era uma noite esplendorosa, alegre e cheia de vida.
Talvez o encanto daquela noite tenha influenciado, e ainda influencie, o comportamento de Sovelim. Ele cresceu, junto a seus irmãos, na fazenda de Besouros de fogo de seu pai, um proeminete criador dos maiores besouros de Pondsmânia, Antonirium Bigodium. A fazenda de criação de besouros era muito respeitada em Pondsmânia, e até mesmo a família real adquiria alguns espécimes de lá para servirem de montaria para escolta real.
Antonirium depositava sua confiança em Sovelim, para que este assumisse os negócios da fazenda no futuro. Entretanto Sovelim cresceu admirando os sons da natureza ou, como ele dizia, o cantar do vento, o dançar das águas do rio.
A medida que ia crescendo, Sovelim ia se destacando em sua vila, não pela sua robustez, ou pelo seu conhecimento em magia. Sovelim, diferente de seus irmãos, pouco entendia das artes arcanas, e também não gostava muito de estudá-las, mas achava notas musicais, cifras e letras fascinantes. E esse era o motivo que o destacava dos demais. Sua voz, e sua interpretação musical de certas óperas eram verdadeiros espetáculos, que atraiam a atenção não só do vilareijos, como de Pondsmânia e até mesmo de outros povos que admiravam uma boa música, como Elfos e Halflings.
Só havia um problema: Sovelim só queria saber de cantar e dançar.Ele acordava cantando, e ia cantando até o pôr-do-sol, e além...cantava sobre tudo. Sobre o céu, os pássaros, as árvores, a terra, o rio. Até mesmo os famigerados besouros de seu pai eram alvos da cantoria de Sovelim. Tudo o inspirava.

Até que, em um belo dia, quando Sovelim estava ajudando seu pai na coleta de ovos de um Besouro de fogo especialmente grande, a vida de Sovelim começou a mudar.
Eles trabalhavam intensamente, quando os arautos anunciaram que a família real estava chegando, com toda a sua comitiva, e diversos outros nobres. O motivo, um duque de Pondsmânia, especialmente rico, havia ofertado para a família real diversos bens, de valores inestimáveis, entre estes um casal dos maiores, belos e fortes besouros de fogo, em troca da promessa de casamento com Vazíria Daedlim, a jovem princesa, que um dia se tornaria rainha.
Inicialmente, diversos sprites machos observavam enquanto Antonirium e Sovelim removiam os ovos, depois passaram a discutir sobre as asas, antenas e o vôo dos besouros. O jovem Sovelim começou a cantar uma melodia sobre a beleza do vôo dos pássaros, quando a princesa Vazíria, que até então permanecia em sua carruagem, colocou o rosto para fora.
Naquele momento, os olhos de lagartixa de Sovelim e Vaziria se cruzaram. Por um momento, que parecia uma eternidade para eles, o universo parecia parado, imóvel, apreciando aquele amor.
Após a escolha dos espécimes que seriam dados de presente, a comitiva real partiu, e o jovem Sovelim sentiu uma dor em seu interior. O pequeno coraçãozinho do Sprite batia somente 3 notas agora: VA-ZÍ-RIA.
O jovem ficou desconsolado durante muito tempo, pois como poderia se aproximar dela novamente? Como poderia ter a chance de expressar o seu amor pela bela princesa de longos cabelos negros? Na chegada daquele outono, quando o jovem Sovelim já havia emagrecido mais de 100 gramas, surgiu a oportunidade que ele já achava impossível.
Os arautos da rainha percorreram toda a Pondsmânia, anunciando um evento no palácio real, no qual cada sprite poderia apresentar até três cenas, e o melhor seria convocado para assumir o papel de "bobo da corte".
Sovelim não queria o prêmio, apenas a chance de entrar no castelo, apresentar três cenas, e procurar uma chance de se aproximar da bela Vazíria novamente.
Ele passou todo o inverno ensaiando em sua toca, compondo e recompondo, até chegar a três cenas criadas por eles mesmo que julgou apropriadas.
Com a chegada da primavera, e também do evento, o anfiteatro real estava lotado. Além de sprites, ninfas, sátiros, grigs, nixies, pixies, dríades e os embaixadores dos elfos e halflings compareceram. Até os embaixadores dos anões (por causa do vinho) compareceram ao evento.
Diversos sprites se apresentaram, utilizando desde magias, acrobacias, malabarismos, palhaçadas e outros tantos truques, mas a pessoa que escolheria o bobo da corte estava a bocejar, com um olhar distante e tristonho.
O jovem Sovelim estava nervoso, pois cantava apenas em pequenas festas de seu vilarejo. Ele seria o último a se apresentar, logo após um sprite que teve o azar de colocar fogo na barba de um leprechaum que assistia às apresentações.
Chegado o momento, todas as luzes se apagaram. Sovelim entrou no palco, em meio àquela escuridão. O silêncio tomara a multidão. De repentes, Sovelim conjura globos de luz sobre si, a única fonte de luz no interior do anfiteatro, focalizando somente ele, destacando suas expressões faciais.
O silêncio permanecia. Sovelim olhava a multidão. Pela primeira vez o jovem sprite se sentia pequeno, intimidado, miúdo, diante a tantos seres. Um espirro, uma tossida,e alguns murmúrios foram ouvidos. Os olhos de Sovelim escaneando a multidão, assustados.
De repente Sovelim olha para a a juíza, que estava avaliando os candidatos: a Princesa Vazíria. E a princesa também notara Sovelim, no meio do palco. Ela se endireitou na cadeira, olhos atentos, pela primeira vez na noite. Sovelim ainda neroso.
"Então ela se lembrava", ele pensou. O universo parou de se mover novamente. Nada mais interessava, somente a princesa. Seu par de antenas, os longo, macios e belo cabelos negros, os olhos, o nariz, a boca...espere...a boca dela, a única coisa que se movia...ela estava falando? Ela estava fazendo mímica? Sovelim leu os lindos lábios carnudos da princesa. Ela murmurava: "cante".
O Universo voltou a se mover, a multidão já estava impaciente, o embaixador anão já soltara um sonoro arroto. Sovelim pigarreou, retomando o silêncio, e começou a entoar uma melodia.
A primeira falava de um casal: duas famílias rivais, a de um meio-orc bastardo e a de uma jovem elfa. Os dois se conheceram, se amaram, e, no final, diante à impossibilidade das famílias os deixarem em paz, ambos suicidaram.
A plateia ficou extremamente comovida. Após o último acorde de sua lira, Sovelim sentiu o barulho que parecia uma tempestade. Eram os aplausos, rompendo o silêncio. Até os unicórnios que por ali passavam relincharam. E o mais importante. Além das lágrimas da rainha, que se emocionara com as belas palavras daquela triste (e inédita) história de amor, um sorriso de aprovação da princesa Vazíria.
O segundo ato apresentado por Sovelim era sobre um outro casal. Jovens que se conheceram em um imenso navio: Jack e Rose. Enquanto a jovem pensava em se matar, o jovem rapaz se aproximou e conseguiu salvá-la. Eles acabaram se apaixonando. Entretanto, o navio veio a se chocar, e a naufragar. Mas o Jovem Jack, se sacrificando, salvou a bela Rose. Anos depois, Rose volta ao lugar do acidente e joga uma joia de valor extremo. A multidão foi a loucura, e, embora tratava-se de uma história sobre humanos, todos admiraram.
No terceiro episóio, Sovelim decidiu improvisar, para cativar de vez a todos e, quem sabe assim, conseguir a benção da rainha para se casar com Vaziria. Ele cantou uma ópera sobre um jovem que habitava um deserto, foi trabalhar como cavaleiro de um reino, recebeu treinamento psiônico, se tornando um dos maiores cavaleiros. Depois disso, este mesmo jovem veio a sucumbir ao verdadeiro mal que assolava aquele reino, um Lich, se tornando um tormento para os demais cavaleiros, perseguindo-os e garantindo que o Lich governasse impune. Após anos de império do maligno Lich, o Filho do Cavaleiro surge, recebe um treinamento do mesmo tutor de seu pai, e consegue abrir os olhos de seu pai ante a cegueira que o consumira por anos. Por fim, o pai arremessa o Lich em um fosso, e, após receber o perdão de seu filho, morre e se une à força que rege o Universo.
Com essa narrativa, ninguém da multidão havia percebido que o dia havia raiado. A própria rainha decretara que seria feriado, pois além do talento apresentado por Sovelim, ela nunca havia ouvido histórias tão criativas e originais quanto àquelas, cantadas por nenhum menestrel, sprite ou de qualquer outra raça, durante todos os longos anos de sua vida.
A princesa elegera Sovelim como o menestrel oficial de Pondsmânia.
No dia do feriado, Sovelim teve a oportunidade de passar horas cantando para Vazíria, na beira de uma lagoa. A noite foi se aproximando, e somente a lua testemunhara o amor entre os jovens.
Porém, no final da noite, no jantar no palácio, o Duque pediu a mão da princesa Vazíria em casamento, e a rainha concedeu.
Sovelim caíra em desespero. Foi chamado no salão real para cantar após o jantar, mas teve que inventar que estava indisposto, devido ao excesso de licor ingerido (500ml).
Após todos se recolherem em seus aposentos, Sovelim salta pela janela do quarto de Vazíria, e eles combinam de fugir.
Eles correram pelos corredores do palácio, passaram pelos portões, mas a ama de companhia de Vazíria, que também havia se apaixonado pelas doces e belas palavras de Sovelim, denunciou ao Duque que o menestrel sequestrara a rainha.
Cavaleiros sprites montados nos besouros de fogo perseguiram o casal, que tentava fugir de Pondsmânia, se embrenhando nas matas, para atingir o reino dos humanos.
Quando faltava apenas um rio para que o casal cruzasse a fronteira, uma surpresa: a rainha em pessoa, acompanhada do duque e de mais um pelotão dos mais valentes sprites os aguardava.
A rainha decretara a morte de Sovelim, mas no momento da execução, Vazíria manifestara pelo perdão do acusado. Como membro da família real, ela poderia suplicar pela vida de um condenado. Durante a súplica, Vazíria manifestara que se entregara ao menestrel. A rainha sabia que aquilo seria um escândalo, se o julgamento viesse a público. O duque disse que manteria sigilo, desde que o noivado fosse mantido.
A história que foi exposta ao reino foi que aquele teria sido mais um espetáculo apresentado por Sovelim, só que um espetáculo "interativo".
Mas o amor de Sovelim e Vazíria era grande demais para ser contido, e eles faziam de tudo para se verem, se tocarem, se beijarem.
Para conter o romance proibido, a estratagema real foi bem simples: nomear Sovelim representante real de Pondsmânia.
Na última noite no reino, Sovelim e Vazíria se encontraram. Às escondidas na adega do palácio real. Lá, em meio à tristeza, Vazíria e Sovelim viram que o problema poderia gerar uma solução: bastava que Sovelim conseguisse, com suas andanças, se tornar um nobre. Receber um título, ou, ainda, conquistar seu próprio reino. Dessa forma, ele poderia ser aceito em Pondsmânia como nobre e finalmente se casar com Vazíria. Em contrapartida, Vazíria disse que se casaria com o duque somente após acabar de costurar sua mortalha, mas ela costurava durante o dia e a desfazia a noite,esperando o retorno de seu amado Sovelim.

PS2: Ju, qual é o e-mail do Régis?
PS3: Corrêa, se você tiver o livro do jogador da segunda edição, leia sobre seu alinhamento. Ele certamente te responderá sobre o que você perguntou.
PS3: Romeu e Julieta, Titanic, Star Wars.... e tudo isso já havia sido escrito antes. Não "editei" tudo que eu "faria diferente" do Gustavo, porque acho que o texto tem que ter o estilo, a assinatura do autor. Fiquei mais ligado aos defeitos de digitação.

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